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Vamos falar de um assunto que todo médico já enfrentou: o WhatsApp na prática clínica. Aquele grupo de família que vira consultório, a mensagem às 3h da manhã perguntando se dor no pé esquerdo pode ser infarto, ou a foto daquela lesão de pele que ninguém pediu. A linha entre praticidade e risco profissional é tênue, e se você não traçar limites claros, pode acabar com dor de cabeça – ou pior, processo.
Não tem jeito: o brasileiro adora resolver tudo por mensagem. E na medicina, isso virou um hábito perigoso. A facilidade de enviar um áudio ou foto cria a ilusão de que qualquer dúvida pode ser resolvida em cinco segundos, sem custo. Só que medicina não funciona assim. Diagnóstico por mensagem é como tentar operar com uma colher – pode até funcionar em algum milagre, mas o risco de dar merda é enorme.
Já vi casos de colegas que responderam uma mensagem informalmente e depois se enrolaram em processos porque o paciente interpretou aquilo como uma consulta formal. E pior: quando você dá corda, o paciente acha que pode mandar 50 mensagens por dia sem pagar nada. É a receita perfeita para burnout e prejuízo financeiro.
Aqui vai a real: se você não colocar regras, os pacientes vão abusar. E quando você tentar consertar depois, vão reclamar que "mas doutor sempre fez assim". Algumas estratégias que funcionam:
Número profissional separado: Não use seu pessoal. Crie um perfil só para o consultório e deixe claro que não é para emergências. Se possível, use um sistema como o ClínicaWork que tem WhatsApp Business integrado, assim você consegue organizar melhor.
Horários definidos: Responder mensagem às 22h? Só se for plantão. Coloque no seu status que respostas ocorrem em horário comercial. Se não, você vira escravo 24/7.
Template de respostas: Tenha frases prontas para situações comuns: "Isso precisa ser avaliado pessoalmente", "Por segurança, agende uma consulta", "Fotos não substituem exame físico". Economiza tempo e protege você.
Muita gente não sabe, mas o WhatsApp tem valor jurídico. Qualquer mensagem sua pode virar prova em um processo. Já vi caso de médico que mandou "pode ser alergia, tome um antialérgico" e o paciente teve anafilaxia. O juiz considerou como orientação médica formal, mesmo sendo uma mensagem rápida.
Se você usa WhatsApp na prática clínica, precisa registrar essas interações no prontuário. Sistemas como o ClínicaWork permitem anexar prints ou integrar diretamente as mensagens ao histórico do paciente. Do contrário, você fica sem defesa se algo der errado.
Imagine esta cena: paciente manda mensagem com dor no peito. Você responde que provavelmente é gases. Horas depois, ele infarta. A família processa e mostra a mensagem como prova de negligência. Seu argumento de que "era só uma conversa informal" não cola. O conselho considera como conduta médica. Fim.
O WhatsApp Business tem algumas funções úteis para médicos:
Mas atenção: mesmo o Business não foi feito para telemedicina. Ele ajuda na organização, mas não substitui um sistema médico regulamentado. O ClínicaWork, por exemplo, faz a ponte entre o WhatsApp e o prontuário eletrônico, mantendo tudo dentro da lei.
Parece radical, mas às vezes é necessário. Se um paciente insiste em mandar 20 mensagens por dia ou pede diagnósticos complexos por áudio, você tem duas opções:
Parece drástico, mas sua saúde mental e sua licença médica valem mais que a conveniência de quem não respeita limites. Já implementei isso na minha clínica e, pasme, os pacientes entenderam. Os que realmente precisam de ajuda marcam consulta. Os outros só queriam um Google humano de graça.
Se você vai usar WhatsApp, que seja de forma profissional. Algumas dicas:
Não misture assuntos pessoais e profissionais: Seu número do consultório deve ser só para isso. Nada de mandar meme para o paciente ou discutir política.
Registre tudo no prontuário: Se der orientação por mensagem, anexe ao histórico do paciente. Sistemas como o ClínicaWork fazem isso automaticamente.
Crie grupos com moderação: Se usa grupos para orientar pacientes (como em pré-operatório), deixe claro que não é para tirar dúvidas individuais.
Em resumo: WhatsApp pode ser uma ferramenta útil, mas exige limites muito claros. Se não estabelecer regras desde o início, você vira refém. E quando perceber, estará fazendo medicina de qualidade duvidosa pelo celular, sem ganhar por isso e assumindo riscos enormes. Não deixe chegar a esse ponto.