-->
Colegas, vamos falar sobre o elefante na sala: a telemedicina veio para ficar, mas ainda tem muito chão pela frente. A pandemia nos jogou de cabeça nesse modelo, sem manual de instruções, e agora precisamos separar o joio do trigo. O que realmente funciona? Onde ainda estamos patinando?
Primeiro, o óbvio: a conveniência. Pacientes adoram não precisar enfrentar trânsito, estacionamento e sala de espera para consultas de follow-up ou questões simples. E nós? Bom, quem nunca atendeu de pijama depois do jantar que atire a primeira pedra.
Alguns números interessantes: antes da pandemia, menos de 10% dos médicos usavam telemedicina regularmente. Hoje, mesmo os mais resistentes incorporaram pelo menos para retornos e orientações. É aquela história - experimentamos por necessidade, mas continuamos por comodidade (e eficiência).
Outro ponto que pegou: o prontuário eletrônico integrado. Sistemas como o ClínicaWork mostraram como é possível ter histórico do paciente, prescrição e até laudos num mesmo lugar, sem aquela papelada maldita. Isso não tem volta.
Agora vamos aos perrengues que todo mundo vive mas poucos falam abertamente:
E tem mais: a relação médico-paciente fica diferente. Sem aquele contato pessoal, alguns pacientes se sentem à vontade para desrespeitar horários, interromper consultas ou até gravar vídeos sem autorização.
Primeiro, na regulamentação. Ainda tem muita ambiguidade sobre o que pode ou não ser feito por telemedicina, e isso varia absurdamente entre planos de saúde e regiões. Enquanto não tivermos regras claras, fica difícil estruturar um fluxo de trabalho consistente.
Segundo, na tecnologia em si. Precisamos de:
Terceiro, e talvez o mais importante: na nossa própria formação. Ninguém nos ensinou a fazer anamnese por vídeo, a identificar sinais sutis numa imagem de baixa resolução ou a manter o engajamento do paciente sem contato físico. Isso tem que mudar nas faculdades e nas residências.
Funciona bem para:
Falha redondamente em:
E tem aquela zona cinzenta: pediatria. Dá pra resolver 80% das "mamãe preocupada" à distância, mas quando a criança tá realmente ruim, nada substitui colocar a mão.
O futuro (e o presente mais inteligente) tá no híbrido. Usar a telemedicina para o que ela faz bem e reservar o presencial para o que é essencial. Algumas clínicas já estão fazendo isso muito bem:
Agendam a primeira consulta como presencial, fazem os exames necessários, e os retornos são por vídeo - exceto se surgirem sinais de alerta. Economiza tempo do paciente, desgaste seu e otimiza o consultório.
Ferramentas como o ClínicaWork ajudam nisso, permitindo que você tenha o mesmo prontuário completo tanto no atendimento online quanto no físico, sem duplicação de trabalho.
Aqui o bicho pega. Planos de saúde pagam mixaria por teleconsultas, quando pagam. Muitos ainda resistem em cobrir. E no particular? Temos que bater o pé: nosso tempo e expertise valem o mesmo, independente do meio.
Uma estratégia que tem funcionado: pacotes de acompanhamento. Em vez de cobrar por consulta avulsa, oferecer um mês de monitoramento com X interações por valor Y. Dá previsibilidade pro paciente e valor justo pra você.
Não dá pra fingir que não existem riscos:
Soluções? Plataformas especializadas com criptografia (de novo, o ClínicaWork acerta nisso), termos de uso claros e - o mais importante - educação do paciente sobre os limites da consulta remota.
Em resumo: a telemedicina veio pra ficar, mas ainda estamos aprendendo a usá-la direito. O desafio agora é integrá-la de forma inteligente à nossa prática, sem perder a essência do cuidado médico.