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Colegas, a telemedicina no Brasil deixou de ser uma tendência e se tornou realidade consolidada. Desde a Resolução CFM nº 2.314/2022, que regulamentou definitivamente a prática, vivemos um momento de adaptação – com desafios claros e oportunidades que muitos ainda não sabem explorar direito.
O primeiro ponto que precisamos entender é que a telemedicina não é um "modo fácil" de exercer a medicina. Pelo contrário: exige mais disciplina documental, atenção aos detalhes técnicos e conhecimento profundo das limitações do formato. Já vi vários colegas caírem na armadilha de achar que consultas remotas são "mais simples" – e se complicarem feio com processos éticos por causa disso.
Vamos direto ao que interessa na regulamentação:
Um detalhe que muitos erram: a telemedicina não é "terra sem lei". A jurisprudência já está estabelecendo que erros em teleconsultas têm exatamente a mesma responsabilidade legal que os presenciais. E aqui entra um problema sério – a falsa sensação de informalidade que o meio digital passa.
O maior erro que vejo no dia a dia? Médicos tratando prontuários de telemedicina com menos rigor. Colega, seu prontuário eletrônico precisa ser tão completo quanto no consultório físico – talvez até mais, já que você não tem o exame físico para complementar.
Ferramentas como o ClínicaWork ajudam nisso, com modelos específicos para telemedicina que forçam a coleta de todos os dados essenciais. Mas o sistema só funciona se você usar direito – não adianta pular campos ou fazer anotações superficiais.
Usar WhatsApp para telemedicina é pedir para ter dor de cabeça. Plataformas não certificadas expõem você a vazamentos de dados e violações da LGPD. E adivinha quem responde por isso? Exatamente – o médico, não a plataforma.
Outro ponto crítico: armazenamento de registros. Se sua clínica ainda usa servidores locais sem backup em nuvem seguro, está brincando com fogo. Um ransomware pode apagar anos de prontuários em segundos.
Aqui um problema que poucos consideram: cada dispositivo conectado à sua rede médica é uma porta potencial para violações. Tablets, smartphones, até aquela smart TV da sala de espera virtual podem ser vetores de ataques.
Tenha políticas claras de:
Quem já tentou integrar sistemas de telemedicina com prontuários eletrônicos sabe – a falta de padrões no Brasil é desesperadora. Plataformas que não "conversam" entre si geram retrabalho e aumentam o risco de erros.
Uma dica prática: ao escolher qualquer solução, exija compatibilidade com os principais padrões de troca de informações médicas. Sistemas como o ClínicaWork, por exemplo, seguem os protocolos mais aceitos no mercado, evitando que você fique preso em um ecossistema fechado.
Precisamos falar sobre indicações e contraindicações reais da telemedicina. Algumas situações que vejo sendo mal-utilizadas:
Por outro lado, acompanhamento de crônicos, retornos pós-operatórios e orientações de exames são onde a telemedicina brilha – quando bem executada.
O CFM deixou claro que veio para ficar, mas também deixou claro que veio para regular. A tendência é que as normas se tornem ainda mais específicas, especialmente em áreas como:
Em resumo: a telemedicina veio para ficar, mas exige tanto ou mais preparo que o atendimento tradicional. Quem tratar como "medicina light" vai se dar mal – tanto clinicamente quanto juridicamente.