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Colega, se tem um assunto que pegou todo mundo de surpresa nos últimos anos, foi a telemedicina. A pandemia acelerou o que já vinha sendo discutido há tempos, mas a regulamentação ainda gera dúvidas até entre os mais experientes. E não é pra menos: a coisa muda rápido, e ficar por dentro é essencial pra não tomar um susto com o CRM ou até judicialmente.
Vamos direto ao ponto: a telemedicina no Brasil hoje é regulamentada pela Resolução CFM nº 2.314/2022, que substituiu a antiga 2.227/2018 (aquela que foi criada às pressas durante a COVID). Essa nova resolução trouxe alguns ajustes importantes, mas manteve o espírito de permitir o atendimento remoto com segurança e ética.
Antes de tudo, esqueça aquela ideia de que telemedicina é só consulta por vídeo. A resolução define várias modalidades, e entender cada uma faz diferença na hora de estruturar seu serviço:
Depois de atender centenas de colegas com dúvidas sobre o tema, percebi que alguns pontos são cruciais e muitas vezes negligenciados. Anota aí:
Aqui tem uma pegadinha: a teleconsulta não pode ser a primeira abordagem com o paciente, exceto em situações específicas (urgência/emergência ou programas de saúde pública). Ou seja, na prática, você precisa ter tido pelo menos um contato presencial antes. A menos que...
Existem exceções, como quando o paciente está em local remoto sem acesso fácil a serviços de saúde. Mas mesmo assim, a regra geral é clara: primeiro contato preferencialmente presencial. Isso evita aquela consulta "fria", sem conhecimento prévio do histórico.
Não tem conversa: toda teleconsulta gera prontuário, com os mesmos requisitos do atendimento presencial. E olha, já vi cada caso de médico usando bloco de notas do Windows pra anotar consulta... Não caia nessa!
Ferramentas como o ClínicaWork podem ajudar muito aqui, porque já trazem prontuários estruturados com todos os requisitos legais. O importante é que o registro tenha:
Esse é um dos pontos mais sensíveis. A receita da teleconsulta tem que ser eletrônica, com certificado digital válido (e-CPF ou e-CNPJ) ou dentro de um sistema como o ClínicaWork que garanta autenticidade. Nada de mandar foto da receita manuscrita pelo WhatsApp, isso é pedir pra ter problema.
Ah, e atenção: medicamentos sujeitos a controle especial (aqueles tarja preta) têm regras ainda mais rígidas. Na dúvida, melhor encaminhar para atendimento presencial.
Colega, não dá pra fazer telemedicina com internet ruim e câmera de batata. A resolução exige que a plataforma garanta:
E aqui vai um insight: muitos colegas reclamam que a telemedicina "não funciona" porque tentam usar ferramentas genéricas de vídeo. Sistemas especializados como o ClínicaWork fazem diferença porque já vêm com tudo integrado - prontuário, receituário, segurança.
Esse é o item que mais dá dor de cabeça. O paciente precisa concordar expressamente com o atendimento remoto, sabendo das limitações. E não adianta colocar um "concordo" escondido no fim de um texto de 10 páginas.
O ideal é um termo específico, explicando claramente:
Agora vamos falar da parte que realmente preocupa: os riscos legais. Tenho visto cada caso... Médico sendo processado porque o paciente alegou que "não foi bem examinado", processos por vazamento de dados, até cassação de CRM por negligência em teleconsultas mal conduzidas.
Alguns pontos críticos:
Vamos ser realistas: tem coisas que simplesmente não dá pra fazer à distância. Ausculta cardíaca? Palpação abdominal? Teste de força muscular? Se o caso exigir, você tem que encaminhar para atendimento presencial. Documente isso no prontuário!
A LGPD não é brincadeira. Vazamento de dados em telemedicina pode gerar multas pesadas. Verifique se sua plataforma:
Aqui tem uma pegadinha: se você está no Rio e atende um paciente em São Paulo, tecnicamente está exercendo a medicina em São Paulo. Isso pode ter implicações tributárias e até do CRM local. Na dúvida, consulte seu contador e o CRM do estado do paciente.
Depois de tudo isso, você deve estar pensando: "é muito complicado". Calma, colega. Com organização e as ferramentas certas, dá pra fazer direito. Algumas dicas práticas:
Não tente migrar toda sua clínica para telemedicina de uma vez. Comece com casos simples, retornos, resultados de exame. Vá ganhando confiança.
Telemedicina exige habilidades diferentes. Treine sua equipe (e a si mesmo) em:
Não caia na tentação de usar ferramentas genéricas. Um sistema como o ClínicaWork, feito especificamente para medicina, já resolve 90% dos problemas burocráticos porque:
Se um dia o CRM ou a justiça bater na sua porta, seu prontuário será sua defesa. Registre:
A telemedicina veio pra ficar, mas está longe de ser aquela terra sem lei dos primeiros meses da pandemia. A regulamentação atual é razoavelmente clara e, seguindo essas diretrizes, você pode oferecer um serviço seguro, ético e de qualidade.
Em resumo: conheça as regras, documente tudo, use ferramentas adequadas e, quando em dúvida, prefira o atendimento presencial. Assim você protege seus pacientes, sua clínica e seu CRM.
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