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Colegas, vamos falar de um assunto que muitos de nós subestimamos: o uso do WhatsApp na prática médica. A facilidade de comunicação é inegável, mas os riscos à privacidade dos pacientes – e à nossa própria segurança jurídica – são enormes. Veja os erros mais graves que observo no dia a dia:
O WhatsApp até oferece criptografia, mas quantos de nós realmente verificam se ela está ativada naquela conversa específica? Basta um print não autorizado, um backup desprotegido na nuvem ou um dispositivo perdido para que dados sensíveis vazem. Já vi casos de fotos de exames, prontuários resumidos e até discussões diagnósticas vazarem em grupos de família de pacientes.
O pior é quando usamos o WhatsApp Web em computadores compartilhados ou sem senha. Deixamos a sessão aberta e qualquer pessoa tem acesso a toda nossa comunicação profissional.
Parece prático: um grupo para orientar pacientes pós-operatórios ou com a mesma condição crônica. Mas é uma violação gritante da LGPD. Você está expondo que aquelas pessoas são suas pacientes, suas condições de saúde e, muitas vezes, seus números de telefone para estranhos.
Pior ainda quando alguém responde no grupo com "Dra., meu exame de HIV deu..." ou "sobre minha depressão...". Já vi casos assim terminarem em processos porque um paciente reconheceu o outro no grupo e espalhou informações.
Usar o WhatsApp sem um termo de consentimento assinado é pedir para ter problemas. O paciente precisa entender claramente os riscos dessa forma de comunicação: que mensagens podem ser vistas por terceiros, que não é um canal para emergências, que imagens enviadas ficam armazenadas.
Muitos colegas usam sistemas como o ClínicaWork que interam termos digitais específicos para cada forma de comunicação, mas no WhatsApp a gente acaba negligenciando isso. E quando há um vazamento, não temos como comprovar que o paciente estava ciente dos riscos.
Aquela conversa de 2018 com a paciente que mandou foto da lesão de pele ainda está no seu celular? Parabéns, você está acumulando um risco jurídico enorme. A LGPD exige que dados sejam mantidos apenas pelo tempo necessário.
O certo seria exportar conversas relevantes para o prontuário eletrônico (com o consentimento do paciente) e apagar do WhatsApp periodicamente. Sistemas como o ClínicaWork permitem anexar essas comunicações ao prontuário de forma segura, mantendo a cadeia de custódia da informação.
Esse é clássico: o mesmo número que recebe memes da família e mensagens do condomínio é usado para comunicação médica. Além de não conseguir separar a vida pessoal da profissional, você está dando seu contato pessoal para centenas de pacientes.
O ideal é ter um número exclusivo para o consultório, de preferência em um dispositivo separado. Se precisar usar o mesmo celular, pelo menos configure contas diferentes. Alguns colegas usam soluções como o ClínicaWork que oferecem um canal de comunicação integrado ao prontuário, sem expor o número pessoal.
Em resumo: o WhatsApp não foi feito para a prática médica. Se for usá-lo, minimize os riscos:
Lembre-se: cada mensagem no WhatsApp é um potencial documento em um processo judicial. A comodidade não vale o risco quando a privacidade do paciente - e o seu CRM - estão em jogo.