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Colega, se tem uma coisa que me preocupa é ver médico tratando a Lei Geral de Proteção de Dados como se fosse problema exclusivo do "povo da informática". A realidade é dura: o responsável pelos dados dos pacientes é VOCÊ, não seu estagiário de TI ou o sobrinho que mexe em computador.
Já vi casos absurdos: prontuário sendo compartilhado em grupos de WhatsApp, fotos de exames vazando em redes sociais, até planilha de agendamento com CPF e telefone rodando por aí em email não criptografado. E adivinha quem responde? O CRM do médico, não do "cara do computador".
O pior é quando o argumento é "mas sempre fizemos assim". Pois é, e sempre usamos mercúrio em termômetros também - até a ciência evoluir. A LGPD veio pra ficar, e ignorar isso pode custar desde multas pesadas até aquele processo ético que ninguém quer.
Pergunta rápida: você sabe exatamente quais dados dos pacientes seu consultório coleta, onde armazena, quem acessa e por quanto tempo fica guardado? Se a resposta foi "mais ou menos", temos um problema.
O básico da LGPD exige que você:
Ferramentas como o ClínicaWork ajudam nisso com módulos específicos de gestão de dados, mas o médico precisa entender o fluxo. Sem esse mapeamento, é como tentar fazer cirurgia sem saber onde estão os órgãos.
Aqui tem uma pegadinha cruel: muitos consultórios acham que basta um "concordo com os termos" no cadastro e tá resolvido. Nada mais longe da realidade.
O consentimento na LGPD precisa ser:
Já vi caso de clínica que usava os dados para marketing sem consentimento específico - e tomou multa pesada. Outro erro comum é não documentar o consentimento. Se um dia o paciente disser "nunca autorizei isso", como você prova que ele autorizou?
De nada adianta você, médico, entender de LGPD se sua recepcionista continua:
Isso não é hipótese - é coisa que vejo toda semana em consultórios. A LGPD exige que TODOS que lidam com dados sejam treinados - e isso inclui desde o médico até o faxineiro que pode achar um prontuário esquecido.
O treinamento não precisa ser chato. Pode ser algo prático: como identificar um email de phishing, porque não se deve usar pendrive pessoal, o que fazer se vazar um dado. Sistemas como o ClínicaWork até oferecem treinamentos integrados, mas o importante é que aconteça regularmente.
Pior do que cometer um erro é não saber o que fazer quando o erro acontece. E acredite: vazamentos acontecem, mesmo nos melhores consultórios.
A LGPD exige que você:
O problema é que a maioria dos consultórios só descobre que não tem um plano quando o problema já aconteceu. E aí? Quem vai avisar os pacientes? Como? Quem vai lidar com a ANPD? Quem vai investigar como aconteceu?
Em resumo: LGPD não é opcional, não é modinha e não é "problema do TI". É obrigação legal do médico, com impacto direto na sua responsabilidade profissional. Vale a pena gastar algumas horas entendendo isso antes que você precise gastar meses explicando para um conselho ou juiz.
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