-->
Colegas, vamos falar de um assunto que ninguém ensina na faculdade de medicina, mas que pode fazer ou quebrar o seu consultório: gestão financeira. A verdade é que a maioria de nós entra nessa vida de dono de clínica sem a menor noção de como administrar o dinheiro que entra (e sai) do negócio. E os erros? São clássicos, repetidos à exaustão. Vamos destrinchar os principais e, claro, como fugir deles.
Esse aqui é o pecado capital. Você recebe um pagamento de plano de saúde ou particular e já transfere direto para a conta pessoal para pagar as contas do mês. Parece inofensivo, mas é um tiro no pé. Sem separação clara, você nunca vai saber se a clínica está realmente dando lucro ou se você está simplesmente se sustentando com o faturamento bruto.
O remédio? Contas bancárias separadas, sem discussão. E um pró-labore fixo, como se você fosse um funcionário da própria clínica. Só assim dá para ter controle real.
Na medicina, os imprevistos são tão certos quanto plantão noturno sem dormir. Equipamento que quebra, queda brusca de pacientes, crise econômica que reduz procedimentos eletivos... Se sua clínica não tem pelo menos 3-6 meses de custos operacionais guardados, você está numa corda bamba.
Como construir isso? Todo mês, separa um percentual do faturamento (5-10%) antes de qualquer outra coisa. Trate como custo fixo. Em um ano, você já terá um colchão decente.
Aqui vai uma verdade dura: faturamento não é dinheiro no banco. Quantas vezes você já viu aquele valor bonito no fechamento do mês, mas no dia 10 já está preocupado em pagar os funcionários porque os planos ainda não repassaram?
Ferramentas como o ClínicaWork ajudam a projetar essas entradas e saídas, mas o essencial é você ter o hábito de acompanhar diariamente. Dinheiro parado é oportunidade perdida - e falta dele é crise na certa.
Quantos de nós já fez a conta errada: pega o valor que o plano paga e acha que é suficiente? Ou pior, cobra um valor fixo há anos sem reajustar pela inflação? Isso é trabalhar para perder dinheiro.
Precificar certo exige entender todos os custos envolvidos:
Sem essa análise, você pode estar trabalhando de graça em alguns procedimentos sem nem perceber.
Particular que some depois da consulta, plano que demora 120 dias para pagar, convênio que desconta o que quer... Se você não tem processos claros para lidar com isso, o rombo é certo.
Algumas táticas que funcionam:
Ferramentas de gestão como o ClínicaWork automatizam parte desse controle, mas a política tem que vir de você.
Colega, seu tempo vale mais do que ficar fazendo planilha manual ou correndo atrás de guia perdida. Sistemas de gestão médica não são luxo - são necessidade básica para quem quer clinicar sem dor de cabeça.
Um bom sistema faz em segundos o que você levaria horas:
O retorno vem em meses, não em anos. É como comprar um bom equipamento - aumenta sua capacidade produtiva.
Ah, a maldita burocracia tributária. Deixar para pensar nisso só no fim do ano é pedir para tomar um susto com multas ou pagar mais imposto que o necessário.
Dois erros comuns:
Contador bom não é gasto, é investimento. E sim, existem formas legais de pagar menos impostos - mas tem que estruturar certo desde o início.
Aquele impulso de alugar uma sala maior, comprar o equipamento top de linha ou contratar mais um médico associado pode ser ótimo - ou um desastre. Expansão sem análise financeira detalhada é a receita para o fracasso.
Antes de qualquer salto:
Clínica que cresce demais rápido pode morrer de inanição financeira.
Aquela revisão semestral dos gastos que todo mundo adia. Materiais mais caros que o necessário, fornecedores que aumentam preços sorrateiramente, desperdício de insumos... Tudo isso corrói sua margem.
Dica prática: categorize seus custos em:
Fazer isso 2x por ano pode salvar seu lucro.
Por último, o erro mais irônico: o médico dono que paga todo mundo e fica com o que sobra. Se a clínica não gera renda digna para você, qual o sentido?
Defina seu pró-labore como prioridade, não como resto. Se o negócio não sustenta isso, é hora de repensar o modelo - aumentar preços, reduzir custos ou mudar a estratégia.
Em resumo, gestão financeira na medicina é como um procedimento cirúrgico: precisa de técnica, atenção aos detalhes e muito planejamento pré-operatório. Nenhum de nós nasceu sabendo isso, mas ignorar é arriscar a saúde do seu negócio - e da sua vida pessoal.