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Colegas, vamos falar sério sobre um tema que muitos de nós tratamos como mera burocracia: o consentimento informado. Não é só um papel pra assinar e arquivar. É um processo ético, legal e, acima de tudo, clínico. E no mundo digital, isso ganha camadas ainda mais complexas.
Quantas vezes você já viu (ou fez) isso: entrega o termo, explica por cima, pede a assinatura e arquiva. Pronto, "consentimento feito". Só que não. O Código de Ética Médica é claro: informação compreensível, tempo para decisão, ausência de coerção. Isso não cabe num checkbox.
Um estudo do Journal of Medical Ethics mostrou que 60% dos pacientes não lembram o que assinaram 24h depois. E pior: 40% não entenderam os riscos principais. Isso é judicialização esperando pra acontecer.
Primeiro, esqueça o juridiquês. Explicar cirurgia como "laparotomia exploratória" pra leigo é inútil. Fale em "abrir a barriga pra ver o que tem". Risco de morte? Diga claramente "pode morrer". Sim, assim mesmo.
Segundo, tempo. Nada de explicar na sala de espera antes da cirurgia. O ideal é discutir na consulta prévia, deixar o termo digital disponível pra ler em casa (ferramentas como o ClínicaWork permitem enviar por e-mail com confirmação de leitura) e só coletar a assinatura no retorno.
Aqui entra a tecnologia a nosso favor. Sistemas como o ClínicaWork permitem:
Mas atenção: tecnologia não substitui a conversa. É ferramenta, não muleta.
Um colega cirurgião plástico (não vou citar nomes) teve um caso emblemático. Paciente assinou termo sobre risco de necrose em mamoplastia. Só que o termo era genérico, não mencionava a taxa pessoal dele de 8% (acima da média). Resultado? Processo ganho pelo paciente.
Moral da história: consentimento tem que ser personalizado. Dados do seu consultório, suas estatísticas, seus riscos. Template pronto não serve.
Ferramentas bem implementadas permitem:
• Criar termos dinâmicos (se o paciente tem diabetes, inclui automaticamente os riscos específicos)
• Coletar assinatura eletrônica com validade jurídica (e sem papel pra perder)
• Registrar todo o processo (quando o paciente acessou, quanto tempo levou lendo, quais vídeos assistiu)
Isso não é futuro - já existe. O ClínicaWork, por exemplo, faz tudo isso integrado ao prontuário. Mas de novo: tecnologia é meio, não fim.
Aqui tem um dilema real. Enquanto jovens preferem termo digital, muitos idosos ainda dependem do papel. Solução? Oferecer as duas opções. E documentar qual foi a escolha do paciente.
Dica prática: para idosos, grave a explicação em áudio junto com o termo digital. Muitos sistemas permitem isso. É uma forma de garantir compreensão mesmo sem leitura.
Caso clássico: paciente recusa transfusão por convicção religiosa. Você documenta a recusa, certo? Errado. Tem que documentar MUITO MAIS:
Isso salva vidas - e carreiras médicas.
Na pressa da consulta online, muitos pulam etapas. Grave erro. O termo deve:
- Explicitar limitações do método (exame físico restrito, por exemplo)
- Deixar claro quando encaminhar pra presencial
- Ter mecanismo de assinatura válido (SMS de confirmação, e-mail assinado, etc)
Em resumo: consentimento bom é processo, não documento. Exige tempo, linguagem clara e ferramentas que garantam - e provem - a compreensão real. Tecnologia ajuda, mas não substitui o dever ético de informar.