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Colegas, vamos falar sobre um tema que parece simples, mas que esconde armadilhas perigosas: a automatização de prescrições. A tecnologia veio para facilitar nossa vida, mas se usada sem critério, pode transformar um ato médico em um risco para o paciente. E olha que não estou exagerando.
Um dos maiores erros que vejo por aí é a dependência excessiva de templates de prescrição pré-formatados. O ClínicaWork, por exemplo, oferece essa funcionalidade, mas o problema não está na ferramenta e sim no uso que fazemos dela.
Quando você pega um template genérico e só troca o nome do paciente, está cometendo um erro grave. Cada caso é único, cada organismo reage de forma diferente. Já vi situações onde interações medicamentosas passaram batido porque o médico confiou cegamente no template "padrão" para hipertensos, por exemplo.
Outro erro comum é achar que porque o sistema tem checagem automática de interações, você pode relaxar. O ClínicaWork tem sim um bom módulo para isso, mas nenhum sistema é infalível. As bases de dados podem não estar totalmente atualizadas ou podem não cobrir aquela interação específica do seu caso.
Lembro de um caso onde um paciente estava usando uma medicação fitoterápica que não constava no banco de dados e interagia com o antidepressivo prescrito. O sistema não alertou, mas uma anamnese cuidadosa teria evitado o problema.
Isso aqui é pecado capital, gente. Copiar a prescrição anterior e só atualizar a data é pedir para dar merda. Pacientes evoluem, condições mudam, e o que era adequado há três meses pode não ser hoje.
O pior é quando isso vira um vício. O médico nem pensa mais, só repete a última receita. Já vi caso de paciente que continuou recebendo o mesmo antibiótico por meses porque ninguém parou para reavaliar.
Sei como é a rotina. Consultas marcadas a cada 15 minutos, pressão por produtividade. Aí a gente cai na tentação de acelerar o processo usando atalhos na prescrição automatizada. Mas isso tem um custo.
O sistema pode até permitir prescrever em 30 segundos, mas será que deveríamos? Quando automatizamos demais, perdemos o contato com o ato médico em si. A prescrição vira um formulário burocrático em vez de um ato terapêutico.
Aqui tem um ponto que muitos esquecem: de nada adianta ter um sistema top se os bancos de dados de medicamentos e interações não estão atualizados. No ClínicaWork, por exemplo, você pode configurar atualizações automáticas, mas precisa verificar se elas estão realmente ocorrendo.
Medicamentos novos surgem todo mês, novas interações são descobertas, posologias são revisadas. Se seu sistema está desatualizado, você pode estar prescrevendo baseado em informações obsoletas.
Já imaginou ficar sem energia e não conseguir prescrever? Ou o sistema ficar offline? Conheço colegas que literalmente não sabem mais escrever uma receita à mão porque se acostumaram demais com a automatização.
O conhecimento médico não pode ficar refém da tecnologia. É essencial manter a habilidade de prescrever manualmente quando necessário. Até porque tem situações onde o computador não está disponível e o paciente precisa da medicação.
Parece contraditório, mas até na prescrição automatizada tem erro de legibilidade. Às vezes o sistema gera receitas com fontes muito pequenas, abreviações não padronizadas ou layout confuso.
Já recebi paciente na emergência com receita eletrônica ilegível porque o médico não configurou corretamente as opções de impressão. O farmacêutico não conseguiu interpretar e o paciente ficou sem medicação.
Outro erro grave é usar um sistema de prescrição desconectado do prontuário eletrônico. No ClínicaWork, por exemplo, a prescrição está integrada ao histórico do paciente, o que permite checar alergias, medicações anteriores e condições pré-existentes.
Quando você usa sistemas separados, aumenta muito o risco de erro. O médico pode prescrever sem ver que o paciente já usa uma medicação similar ou tem contraindicação registrada em outra parte do prontuário.
Aqui vai um erro sutil mas importante: focar tanto na tecnologia que esquece de explicar para o paciente. A prescrição automatizada pode gerar um volume grande de informações, mas se o paciente não entender como tomar, adiantou nada.
O sistema pode até imprimir orientações, mas nada substitui a explicação verbal. Tem que garantir que o paciente entendeu o esquema terapêutico, especialmente em casos de medicações complexas.
Em clínicas com vários profissionais, é comum cada médico configurar o sistema de um jeito. Isso gera inconsistências que podem confundir pacientes e equipe. Um usa abreviações, outro escreve por extenso; um inclui orientações detalhadas, outro só põe o nome do remédio.
Vale a pena estabelecer um padrão coletivo para prescrições. Definam juntos quais informações são obrigatórias, como formatar doses, que orientações incluir. Isso melhora a segurança e a continuidade do cuidado.
Muitos sistemas, como o ClínicaWork, oferecem funcionalidades avançadas que ficam subutilizadas. Alertas de alergia, checagem de doses por peso, sugestão de alternativas em caso de contraindicação - tudo isso pode melhorar muito a segurança da prescrição.
Vale a pena dedicar um tempo para conhecer todas as ferramentas disponíveis no seu sistema. Muitos erros poderiam ser evitados se os médicos soubessem usar os recursos que já têm à disposição.
A automatização de prescrições é uma grande aliada, mas exige uso consciente. O segredo está em equilibrar a praticidade da tecnologia com o julgamento clínico e a atenção ao paciente. Nenhum sistema substitui o raciocínio médico - no máximo, pode apoiá-lo.